Olá mais uma vez. Desde já devia pedir desculpa por ter estado ausente, mas como ninguém lê isto e como não tenho que dar satisfações a ninguém, não preciso de pedir. Primeiro está a faculdade e embora goste muito de escrever às vezes é preciso sacrificar qualquer coisa em prol de outra.
Hoje e com um exame à porta, andava a limpar os computadores cá de casa, infectados coitadinhos com toda e mais alguma e-doença e acedi à pasta que há muito não tem nada de novo e caiu no esquecimento. A pasta "música portuguesa". Quando digo que não acrescento nada, digo que há mais de 2 meses que não tenho nada de novo. O último foi o novo albúm do David Fonseca, Dream in Coulours se não me engano. Sou sincero, agora estou a ouvir o Esquissos dos Toranja, e que saudade.
Sim, a música portuguesa tem esse dom, fico cheio de saudade, e com o coraçãozinho amarrado. É difícil explicar, isto a boa música. Felizmente tenho a maioria dos albúns portugueses e posso escolher aquelas que me agradam, e foi assim que fui criando a minha colecção de grandes albúns. Devo dizer que este dos Toranja é muito bom, tem um toque de modernidade, bossa nova, no entanto é classicamente português. Gosto muito da voz, da guitarra hardcore por vezes, softcore e emocore noutras, das letras irracionais e imaginárias que nao dizem nada mas tanta coisa. "Dá-me ar, dá-me ar."
Mas o ponto a que eu quero chegar é o porquê da música ser tão privada ao ponto de só um pequeno número de pessoas ter acesso a ela. Já se sabe que os portugueses não têm acesso essencialmente por motivos económicos a meios culturais, e sabe-se também que não têm essa tradição já que meios como a televisão, menos culturais apareceram no exacto momento que os portugueses começaram a poder usufruir deles. Assim nunca instituimos um gosto pela música e literatura que existe noutros países.
Mas essa não é razão para a música ser um circuito tão fechado. Afinal de contas já somos uma nova geração e temos acesso a quase tudo que queremos e são poucas as razões para só conhecermos Xutos, GNR, David Fonseca, Da Weasel e pouco mais. Acho que a razão principal é o sentimento. Albúns como Faluas do Tejo, o próprio Esquissos, AM-FM, Mesa, The Night Before a New Dawn e muitos, muitos outros exigem mais do que bom ouvido e uma mood para a música. Exigem que sintámos a música e tenhámos a capacidade para absorver mais do que os sons: detalhes, letras e palavras, significados ocultos e muitos pormenores que na música mainstream não existem ou nos passam ao lado.
Acho que nós portugueses somos especialistas no que acima foi dito. Somos especiais, cheios de sentimento e emocionais e, isso reflecte-se, qual espelho que reflecte a nossa cara, na nossa música. Existe uma alma por trás das nossas músicas e é por isso que nem sempre é acessível a compreensão e absorção da música portuguesa.
Resumindo existe um je ne sais quois na música portuguesa mais cultural e específica que a mantém isolada da mainstream e fechada sobre si própria. Compara-o a uma mulher que adoro, e que relembrei estes dias com um filme do Steve Carrel, Dan in Real Life de 2007: exactamente como a música nacional ela é lindíssima e independentemente do que vocês digam ou façam tem um charme natural que me deixa absolutamente enfeitiçado quando a vejo tal e qual a música. Bem, não sei se este isolamento é bom para os artistas que se vêm muito limitados em termos de mercado. Mas acreditem, a mim sabe mesmo bem ouvir estas pérolas isolado, e saber que quase as tenho só para mim deixa-me muito contente. Sou egoísta. Claro. Afinal não somos todos?
Aqui está a mulher de que vos falava, Julliette Binoche, francesa e já com 44 anos, no entanto com um encanto estratosfericamente incomportável. Aumentem a foto e vejam com olhos de ver a beleza dela. É realmente excepcional meus caros. Dou graças a Deus, se ele realmente estiver lá em cima, por criar mulheres com esta beleza.
Tenho dito.
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