É na
subjetividade pouco subjetiva da beleza que todos nós encontramos o prazer de
olhar, o prazer de estar com e até mesmo a vontade. Digo subjetividade pouco
subjetiva, porque essa é mesmo a realidade, pois somos atraídos por essa beleza
como traças para uma luz, e qual é a traça que distingue a luz? Sim, porque
somos todos iguais.
Acredito hoje que
a beleza é a última expressão de poder, pois é nela que reside a vontade, o
desejo e objetivo máximo da nossa senda aqui como mortais.
Quando falo de
beleza não falo apenas de aspeto físico de homens ou mulheres, falo de música,
de cinema e de arte sobre todas as formas de expressão. Embora ainda esteja
longe de me considerar velho de forma autocrática, e ainda mais longe de o ser
pela sociedade, aprecio hoje mais a beleza como se de um bom vinho estivesse a
falar, eu que não sei provar vinho nem estou para aí direcionado.
Consideremos a
música no seu expoente máximo de sexualidade e beleza. Subjetivamente avalio-a de
bonita através da interseção de instrumentos de cordas, sobre qualquer género
eletrificado ou não, instrumentos de sopro que seguem regras concretas de uma
pauta ou apenas o coração e, vozes que nos tiram do sério e, por fim, uma
mistura de percussão eletrónica ou puramente apaixonada. Chamemos-lhe jazz ou blues, pois para mim é o que me invoca para esta realidade. O que
quero com isto dizer é que embora aprecie claramente o rock, o eletrónico, o
samba ou qualquer outra subcultura ou tipo de música na sua máxima expressão,
acabo sempre por me encontrar apaixonado pelo jazz, não sem devaneios claro, porque senão de que outra forma
podia ser um apaixonado?
Com as mulheres
observa-se exatamente o mesmo, todos temos um tipo, eletrónico ou acústico, bem
ou mal disposto, mais ou menos alegre e devaneios, oh se temos! Mas aquilo que
nos motiva na beleza é a classe pura do jazz, o groove a boa disposição do blues, sem nunca esquecer a simplicidade
e austeridade do clássico. Este afastamento e aproximação, sem nunca tocar, sem
dar demais de nós próprios, no lento cruzar de toda a informação é a pura
beleza expressa na despreocupação e total independência do ser. Nada é belo se
o humano o poder moldar e se não for última e totalmente independente.
É na capacidade
inequívoca do blues de se transformar
constantemente, seja através dos anos, seja dentro de cada faixa devido à
irreverência das suas escalas e métricas que me apaixono constantemente, porque
todos os dias espero encontrar algo diferente. Às vezes melhor, outras vezes
pior, mas quando é melhor, vale tanto a pena.
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