segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Beleza

É na subjetividade pouco subjetiva da beleza que todos nós encontramos o prazer de olhar, o prazer de estar com e até mesmo a vontade. Digo subjetividade pouco subjetiva, porque essa é mesmo a realidade, pois somos atraídos por essa beleza como traças para uma luz, e qual é a traça que distingue a luz? Sim, porque somos todos iguais.
Acredito hoje que a beleza é a última expressão de poder, pois é nela que reside a vontade, o desejo e objetivo máximo da nossa senda aqui como mortais.
Quando falo de beleza não falo apenas de aspeto físico de homens ou mulheres, falo de música, de cinema e de arte sobre todas as formas de expressão. Embora ainda esteja longe de me considerar velho de forma autocrática, e ainda mais longe de o ser pela sociedade, aprecio hoje mais a beleza como se de um bom vinho estivesse a falar, eu que não sei provar vinho nem estou para aí direcionado.
Consideremos a música no seu expoente máximo de sexualidade e beleza. Subjetivamente avalio-a de bonita através da interseção de instrumentos de cordas, sobre qualquer género eletrificado ou não, instrumentos de sopro que seguem regras concretas de uma pauta ou apenas o coração e, vozes que nos tiram do sério e, por fim, uma mistura de percussão eletrónica ou puramente apaixonada. Chamemos-lhe jazz ou blues, pois para mim é o que me invoca para esta realidade. O que quero com isto dizer é que embora aprecie claramente o rock, o eletrónico, o samba ou qualquer outra subcultura ou tipo de música na sua máxima expressão, acabo sempre por me encontrar apaixonado pelo jazz, não sem devaneios claro, porque senão de que outra forma podia ser um apaixonado?
Com as mulheres observa-se exatamente o mesmo, todos temos um tipo, eletrónico ou acústico, bem ou mal disposto, mais ou menos alegre e devaneios, oh se temos! Mas aquilo que nos motiva na beleza é a classe pura do jazz, o groove a boa disposição do blues, sem nunca esquecer a simplicidade e austeridade do clássico. Este afastamento e aproximação, sem nunca tocar, sem dar demais de nós próprios, no lento cruzar de toda a informação é a pura beleza expressa na despreocupação e total independência do ser. Nada é belo se o humano o poder moldar e se não for última e totalmente independente.

É na capacidade inequívoca do blues de se transformar constantemente, seja através dos anos, seja dentro de cada faixa devido à irreverência das suas escalas e métricas que me apaixono constantemente, porque todos os dias espero encontrar algo diferente. Às vezes melhor, outras vezes pior, mas quando é melhor, vale tanto a pena.

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