quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A arte de bem escrever...um livro

Para bem escrever um livro nada mais é preciso, hoje em dia, do que uma panóplia das mais variadas e incongruentes desordens mentais que possam ser incluídas em qualquer diagnóstico médico. Isto de forma a ter umas boas férias no Rio à custa de uma grandiosa, e não menos trabalhosa, receita dada pelos serviços de acção social portugueses que, de tão ricos que são não olham a quem dar o dinheiro, já que o dão por bem investido em qualquer pessoa que apresente o síndrome de perna esquerda irrequieta ou apneia durante a sesta ou, até mesmo uma queixa em como que não consegue dormir profundamente essa mesma sesta devido à televisão de 70 polegadas LCD ou LED lá de casa (comprada com o declarado salário mínimo que transmite a estridente voz de Júlia Pinheiro nas tardes da TVI.)
Falando nisso parece que essa senhora editou um livro. Soube disto, não por frequentar livrarias, já que toda a gente sabe que não o faço devido à minha insuficiência renal que me provoca incontinência sempre que bebo conhecimento ou cultura em demasia, mas por frequentar um consultório dentário:
“Ora a situação em mãos é a seguinte Diogo, tens o 24 horas que te fala sobre o fantástico livro da Júlia Pinheiro, ou um desprezável livro que te pode dar informação sobre essa dorzinha irremediável que vens a sentir há uns dias no dente do siso.”
Sem mais demoras escolhi o desprezível livro, mas sem antes dar uma olhada ao livro dessa senhora que percebe tanto da salutar arte da apanha da azeitona como eu, embora a meu favor e sem querer entrar no campo do auto elogio, diga que poucos varejam também como eu.
“Não sei nada sobre amor” – o romance. Em tempos os livros eram fontes de informação. Parece que eram mesmo outros tempos. Se o conteúdo de tal livro for publicado com os níveis de qualidade apresentados no talk show da TVI que deprime sempre que ligo a televisão às mais variadas horas do dia, então será certamente um bom livro e digo isto sem qualquer ironia.
Como todo e qualquer livro terá um público alvo, e acredito que o público alvo que queira ler (ainda mais) sobre sexo, e a vida da mulher nos dias que correm, serão certamente satisfeitos com mais este romance que explica certamente o quão dura a vida das mulheres é, com assaltos, violações e outros casos judiciais à mistura.
Acredite o leitor que não estou aqui a dissertar todo o meu rancor pelos livros desta senhora, ou pelas pessoas que o compram, muito pelo contrário. Gostos são gostos, e se é um leitor ávido e interessado sobre esta matéria claro que aconselho a sua compra, no entanto, gostava mesmo de perceber o que se passa com a nossa língua portuguesa que é alvo da chacina literária diária.
Não sei se o mesmo acontece com o leitor, mas sempre que entro num qualquer lugar que vende livros (lojas de informática, quiosques, supermercados, tudo, menos livrarias) os títulos apenas saltam à vista pelas elaboradas capas e títulos sugestivos ao nosso ímpeto animal.
Assusta-me profundamente o rumo que “a coisa” toma.
Outras coisas.
Aqueles que me acompanham saberão que tenho escrito em inglês, (sim eu sei que cheio de erros, mas são escritos em cima do joelho, por isso é que ainda não publiquei mais nenhum, mas vou corrigir a partir do 1) e claramente não sou inglês ou americano nem estou em contacto directo com a cultura, no entanto acho que continua a existir um melhor trato da língua por aquelas bandas e geralmente prefiro ler em inglês, até porque as traduções deixam muito a desejar e já se trata de uma tarefa difícil encontrar um bom escritor português, ainda para mais com uma boa obra, que não envolva o mais que sabido sexo e as aventuras mais que usadas e reutilizadas de um qualquer Indiana Jones moderno, numa qualquer capital do Médio Oriente. Sim vocês sabem de quem estou a falar. O mais curioso é que já li todos os livros dele, menos o último, que já comprei.
Espero ansiosamente por ter tempo para ler mais e descobrir algo de bom. Assim que o fizer, venho para aqui dizer o quão boa foi a experiência. Prometo.

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