terça-feira, 4 de maio de 2010

Coisas que eram para ser e ficaram pelo não


Há quem lhes chame desilusões.
Para mim essas coisas não deviam ter um nome tão pomposo. O porquê? Simples, porque é tão natural como a sua sede, direitos de autor reservados.
Olhem por exemplo a revolta bolchevique fantástica e cheia de ímpeto, que acabou nos gulags comunistas com um bocadinho menos de ímpeto e esbarrou numa cortina de ferro e nem chegou à zona de tiro de um muro que dividia o mundo.
Olhem outro. Aquela emoção do Euro 2004, em que estávamos ansiosos por Portugal campeão no seu terreno e que não ia certamente perder duas vezes com a Grécia. Surpresa? Perdemos e engolimos em seco a nossa já faltosa falta de orgulho.
E aqueles amigos a quem jurámos fidelidade e segurança, ajudámos e dá-mos o braço e que de um momento para o outro nos passaram por cima e esmagaram todas as nossas crenças numa sociedade relativamente saudável?
E quando têm uma semana projectada e a coisa mais insignificante que acontece num segundo sem que aparentemente tenham culpa deita tudo a perder.
E aquele teste que vocês têm a certeza de ter feito tudo bem e não sai mais que um 10 ou uma negativa como quem diz: vá, eu sei que te esforçaste ao máximo, mas és burro.
E isto nos últimos tempos, porque podia discorrer aqui tanta coisa, tantas histórias de histórias que se passaram em tempos que nem sequer de história se falava porque só se via o presente e toda a gente esperava o fim em 2000 que acabou por não vir e por cá nos arrastámos em esperanças vãs.
Resumindo, sem concluir. Esperança ou sonho, acontecimento, desilusão. Ciclos sobre ciclos disto.
Até nas relações entre pessoas isto acontece, não é só no mundo material e tangível, mas também no domínio espiritual.
Sabem qual é o problema?
Neste momento estou absolutamente de pés e mãos atadas quanto ao que quero fazer o que constitui por si só uma desilusão para mim depois de ter sonhado fazer tantas coisas. Mas não é isso que me preocupa porque feliz de mim já estou a sonhar com outras coisas mais lá para a frente e se agora estou parado, bem, que remédio. O que me preocupa é as outras pessoas ficarem paradas por minha causa ou entrarem em dificuldades porque eu passo uma desilusão. Não é justo para elas, infelizmente dizer que faria tudo para que isso não acontecesse não é suficiente, porque até podem dizer: "para tudo há uma solução." Sim há. Só que muitas vezes não nos compete a nós encontrar essa solução, e a desilusão permanece tanto em nós como nos outros e se há solução para um problema cria dois novos o que não é vantajoso.
Sim a desilusão geralmente não se estende só a nós e temos que perceber que outras pessoas também estão envolvidas e não devemos ser egoístas ao ponto de pensarmos que só nós estámos desiludidos porque nos aconteceu algo.
Em jeito de conclusão, todos os dias há coisas que eram para ser e ficaram pelo não. Qualquer pessoa poderia explodir com essa situação, no entanto o segredo está em pensar que se hoje isso acontece, amanhã de certeza vai acontecer uma coisa que não era para ser e foi. Conjugações verbais esquisitas mas acho que se percebe a mensagem.
O segredo está no optimisto e se acabei de estourar dinheiro ou oportunidades de forma inconsequente e pouco pensada, há que para a próxima tornar essa perda mais consequente e pensar mais nela. Porque sim, elas vão tornar a acontecer enquanto respirar, no entanto também devo pensar que vai haver mais oportunidades e dinheiro num futuro.
Vá sejámos felizes. Passou, vai passar, aconteceu, vai acontecer, e o mundo gira e torna a girar. O mundo é um moinho como vi alguém a escrever.



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