Hoje, foi-me dada a oportunidade de visitar a casa de Eça de Queiroz, em Tormes. Sim a casa porque até a bisneta do senhor Eça que tem direito a ali viver vitaliciamente, a casa será de Eça e só depois passará a ser uma Fundação.
Por caminhos do Marco e Baião, cheios de curvas e contracurvas que nos levam para lá da civilização, muito longe das rectas e vias tradicionais de casas, estradas e ideias, chega-se a Tormes.
Tal como Eça: "Um ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas."
A paisagem é arrebatadora assim como muitas das imagens que podemos ver, ouvir e cheirar numa amálgama de sensações, tal como as árvores e vinhas que nos rodeiam, um ou outro canteiro que leva água, água essa que escorre num sem número de caminhos que levam a pequeninos lagos de pedra.
Por ali passam crianças e vêem-se caroços de cerejas de outros populares que por ali passeiam e sigo os passos de Eça e outros Vencidos, ouço risos e ideias para Farpas, livros e jantaradas à luz do pavio.
O ar é puro, o granito sujo mas duro, como quem vê partir mas fica. As árvores oxigénio para os pulmões, a água sede de beber e a casa vontade de viver.
Na visita guiada vêem-se livros, panos, lunetas, anéis e outros objectos que mais não são que restos de uma mente brilhante e que nada significam além da saudade dessa mente, quem me dera não os ver e pensar que Eça era alguém imaginário criado por alguém irreal que por obra do Espírito Santo engravidou uma virgem e o colocou cá em baixo.
Fico triste porque além da memória e dos livros pouco mais fica, num intemporal que é apenas fictício porque nada é intemporal e tudo acaba.
Mas a luz, a luz é outra coisa. A luz emana por entre as núvens e ilumina o varandim da casa virado para o jardim que se estende até ao Douro bem lá no fundo. É bonito e intemporal até acabar.
Recordações? Branco de Tormes que não me vou dar ao prazer, ou falta dele, de beber, mas que darei a outros a provar e uma recordação que fica pela companhia e pelo prazer de passear muito tempo depois, num dia bonito que deveria ser um dia preocupado mas, onde foi necessário deitar essas preocupações para trás das costas e viver a vida que nos foge por entre os dedos.
Agarrem-na! Com gentileza claro. A vida é frágil, como uma mulher.
Mais não digo. Vivo na cidade e nas serras, vivo como Eça, respiro como ele e penso como ele. Não escrevo, isso não, mas todos temos defeitos e postumamente é fácil irradicar os defeitos e feitios dos outros. Um dia espero lá voltar e se aquele senhora de seu nome Graça for viva aí sim queria falar com ela sobre os defeitos que nos ocultam as pessoas que já não veêm além do que se passa hoje.
Também queria introduzir aqui Saramago. O assunto do número de textos e outras coisas, mas vai ficando pendente. Há muito a escrever e pouco tempo para o fazer.
Por caminhos do Marco e Baião, cheios de curvas e contracurvas que nos levam para lá da civilização, muito longe das rectas e vias tradicionais de casas, estradas e ideias, chega-se a Tormes.
Tal como Eça: "Um ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas."
A paisagem é arrebatadora assim como muitas das imagens que podemos ver, ouvir e cheirar numa amálgama de sensações, tal como as árvores e vinhas que nos rodeiam, um ou outro canteiro que leva água, água essa que escorre num sem número de caminhos que levam a pequeninos lagos de pedra.
Por ali passam crianças e vêem-se caroços de cerejas de outros populares que por ali passeiam e sigo os passos de Eça e outros Vencidos, ouço risos e ideias para Farpas, livros e jantaradas à luz do pavio.
O ar é puro, o granito sujo mas duro, como quem vê partir mas fica. As árvores oxigénio para os pulmões, a água sede de beber e a casa vontade de viver.
Na visita guiada vêem-se livros, panos, lunetas, anéis e outros objectos que mais não são que restos de uma mente brilhante e que nada significam além da saudade dessa mente, quem me dera não os ver e pensar que Eça era alguém imaginário criado por alguém irreal que por obra do Espírito Santo engravidou uma virgem e o colocou cá em baixo.
Fico triste porque além da memória e dos livros pouco mais fica, num intemporal que é apenas fictício porque nada é intemporal e tudo acaba.
Mas a luz, a luz é outra coisa. A luz emana por entre as núvens e ilumina o varandim da casa virado para o jardim que se estende até ao Douro bem lá no fundo. É bonito e intemporal até acabar.
Recordações? Branco de Tormes que não me vou dar ao prazer, ou falta dele, de beber, mas que darei a outros a provar e uma recordação que fica pela companhia e pelo prazer de passear muito tempo depois, num dia bonito que deveria ser um dia preocupado mas, onde foi necessário deitar essas preocupações para trás das costas e viver a vida que nos foge por entre os dedos.
Agarrem-na! Com gentileza claro. A vida é frágil, como uma mulher.
Mais não digo. Vivo na cidade e nas serras, vivo como Eça, respiro como ele e penso como ele. Não escrevo, isso não, mas todos temos defeitos e postumamente é fácil irradicar os defeitos e feitios dos outros. Um dia espero lá voltar e se aquele senhora de seu nome Graça for viva aí sim queria falar com ela sobre os defeitos que nos ocultam as pessoas que já não veêm além do que se passa hoje.
Também queria introduzir aqui Saramago. O assunto do número de textos e outras coisas, mas vai ficando pendente. Há muito a escrever e pouco tempo para o fazer.
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