Viajei até África num verão quente.
Percorri quilómetros incertos numa relação cada vez mais próxima com a natureza.
Não ficaram palavras nem gestos apenas sons que se multiplicavam numa noite que nada tinha a ver com o dia. O som do mundo, o som da natureza que nada mais era que o ruído natural dos seres vivos que de noite viviam.
Mesmo de noite e já pela fresca as temperaturas eram elevadas, mas os grilos e rãs que habitavam junto aos lagos e rios traziam uma brisa nas suas vibrações sonoras que relaxavam e me faziam sentir bem, quase fresco mesmo escorrendo suor.
O calor era psicológico assim como o desconforto da terra cheia de raízes que me fustigava as costas. No entanto era perfeita a forma como o ruído podia abafar qualquer conversa ou motor, era quase doloroso mas hipnotizante na passividade de um cérebro que se deixava arrastar para uma languidão ancestral.
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