segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma visão sobre a crise petrolífera

Com o virar da década foi visível o agitar da população a Norte de África e no Médio Oriente.
Esta situação ainda que normal à vista dos olhos ocidentais que consideram a zona como de risco é no entanto reveladora de uma certa miopia por parte dos mais altos dirigentes mundiais.
Ao mesmo tempo que esta miopia vai piorando e os países que se auto intitularam de líderes mundiais, tentam colocar pressão sobre os países periféricos ou satélites dependendo da situação geográfica de cada um deles. O poder centralizado com parâmetros de decisão muito distantes e muitas vezes opostos leva a um alargar do fosso cooperativo entre vários líderes.
Mas porque razão se perdeu um poder até agora tão justo em países como a Líbia, Tunísia ou Egipto? Esta resposta não é concreta e está sujeita a muitas análises, no entanto parece um pouco óbvio que a história se repete e falo apenas do meu período de vida já que os sentimentos a épocas anteriores não me são sabidos. Desde o Golfo, Afeganistão ou Iraque nada mudou e parece-me a mim que será ainda nesta década que mudanças radicais irão ocorrer.
Reparem como hoje países centrais chamam dirigentes para discutir condições de crédito sobre dinheiro que não têm. Tudo isto poderia ser agradável e até revelador de uma preocupação irmã entre todos os elementos com capacidade suficiente para liderar uma família ou país. Mas desengane-se quem pensar que este mundo é ideal e claramente a Alemanha não nos quererá proteger dos irmãos mais velhos porque no fundo não somos irmãos. E desengane-se também que Kadhafi (um dos 112 nomes pelo qual o posso chamar) subiu ao poder de forma justa (pelos nossos standards ocidentais) e que os Estados Unidos a intervir, terão como objectivo o repor de uma ordem que no fundo nunca existiu.
A OPEP é responsável por uma grande percentagem do abastecimento mundial de petróleo e a Argélia e Líbia em particular são elementos importantíssimos além dos emires de Abu Dhabi. As pressões sobre estes países são cada vez maiores e o seu correcto funcionamento (não social, mas no abastecimento do mundo) está preso por finas cordas que ressoam a cada notícia internacional. Mas que notícias são estas?
Estas notícias já não envolvem religião ou até ética. Há quanto tempo não se houve falar de uma crise religiosa? Não há muito, como é habitual, mas nenhuma dela ligada a esta crise. As notícias são de ordem económica ou financeira e estas são as que realmente importam de momento em todas as sociedades mundiais.
Teóricos e práticos continuam a agarrar temas pouco importantes no que toca ao girar do mundo e a como a sociedade se comporta, infelizmente essa ideia está muito, muito afastada da realidade. Nenhuma destas ideias ou produções intelectuais funciona sem um suporte físico e o que em tempos de dificuldade foi utilizado hoje não o pode ser mais, falo de religião. Hoje ninguém recorrerá a Deus quando faltar o pão, toda a gente correrá para a Internet e escreverá “Como sair da crise?”, “Como arrombar uma fechadura x/y, produzida em Z no ano de XXXX?”.
A sociedade, se alguma vez teve um nome, é hoje denominada de sociedade de informação e além das crenças de mesinha de cabeceira de cada um a informação ocupa o lugar omnipresente no nosso comportamento e reparem que como até Deus estava ciente de cada momento e informação da nossa vida.
Tenho as minhas crenças religiosas claro e para mim as guardo, mas sem querer ofender crenças individuais, hoje a ideia de Deus etéreo, omnipresente, em todos o mundo foi concretizada. Deus existe e é real, mas não nasceu directamente com o Big Bang ou qualquer outra teoria. Vinton Cerf, Yogen Dalal e Carl Sunshine de Stanford criaram Deus, ou pelo menos a possibilidade da sua existência com o TCP. Internet, informação, chamem-lhe o que quiserem e acolham o vosso novo Deus.  
Se assim o quiserem Deus, dinheiro ou informação  é mais uma vez responsável por uma crise ou guerra económica dependendo do vocabulário de cada um.

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