terça-feira, 28 de junho de 2011

Protesto

Não concordo minimamente com aquilo que se está a passar na Grécia nem com o comportamento dos cidadãos gregos.
Existe um extremar de posições entre a oposição, onde incluo a contestação social, e o governo.
A contestação social, correcta no seu intuito, perde toda a força no que toca à objectividade dos movimentos e acaba por distorcer todos os propósitos inerentes ao protesto, tal como as recentes manifestações em Madrid, que se espalharam por toda a Europa, incluindo Lisboa, que no fundo nada acrescentaram a não ser uns meros minutos nos jornais nacionais. Basicamente eu concordo com o eventual protesto e acho totalmente correcto que seja permitido, mas desejo também que não acabe numa carga policial como ocorreu em vários locais, e assim apelo aos manifestantes que percebam a situação em que deixam o país: Espanha perdeu milhares de turistas devido às manifestações, além da má propaganda para um país que luta por aprovação junto da comunidade internacional, principalmente perto de instituições financeiras agravando a situação económico-social, não queria deixar passar em branco os prejuízos para os comerciantes na praça, as queixas de mau cheiro e condições higiénicas longe do ideal. Na Grécia, pilhagens, roubos, lutas e feridos são totalmente desnecessários e pouco úteis, porque paralisam o país, mostram fragilidade ao exterior, e se existem "tubarões", tal como dizem, a tentar roubar o pouco que a Grécia tem, se o país estiver a sangrar mais fácil será. Magoa muito ver portagens abertas, transportes públicos parados e comércio fechado. Não ponho em causa que esta situação seja de facto terrível para quem lá está, já passei dificuldades e sei o quão forte arde a revolta dentro de cada indivíduo, mas o facto é que esta situação não abona nada a favor da recuperação económica do país. No fundo, a anarquia que se vive não é uma verdadeira anarquia e se o queremos fazer devemos ter em conta o respeito pelo humano e o espírito de partilha das dificuldades e a noção do que é mais correcto.
Acima de tudo penso que se deviam apresentar soluções de forma mais coerente, e sem recurso a situações que levam ao prejuízo de transeuntes e proprietários. E nesta linha de ideia sugiro, invasão massiva dos meios de comunicação social, onde podem ser relatados casos reais, exemplificativos e soluções objectivas, coerentes, mensuráveis e atingíveis. Pode ser através de email, correio físico, até internacional com sugestões para as mais altas instituições, contacto telefónico, na rádio, ou até com manifestações, mas sem violência e preferencialmente em dias de não trabalho de forma a não debilitar ainda mais uma situação económica já de si má. Esta situação permite também perder o habitual rótulo de pessoas que não querem fazer nada e se manifestam.
Já quanto à classe política, inicialmente estive bastante céptico quanto a este governo, mas gosto das atitudes mais recentes de todos os ministros e as medidas parecem-me adequadas, mesmo sabendo que me vai sair do bolso. O facto é que temos que apelar ao patriotismo, espírito de sacrifício e partilha do sofrimento entre todos nós. É melhor esquecer a esquerda e a direita e tentar fazer o nosso melhor para retirar Portugal desta situação, trabalhar, contribuir para o desenvolvimento e manter uma postura correcta e em caso de protesto fazê-lo de forma coerente e transparente, com bom senso e respeitando todos os visados na crítica.
Aos políticos, recomendo maior transparência e partilha dos problemas reais que o país enfrenta, além de uma maior clareza nas palavras e um discurso mais leve. Coragem, postura e seriedade, seria também algo apreciado e a base para todas as recomendações que deixo acima.

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