Os temas monocórdicos de que, geralmente, grande parte das
conversas são alvo, são tão doces como um bolo de chocolate negro mergulhado
numa boa dose de compota de framboesa. Podem servir para matar a fome do
contacto e relação humana, no entanto, quem vive deles está sujeito a uma
prolongada ruína intelectual, que pode ser expressa na gordura e consequentes
problemas dietéticos inerentes ao consumo de um bolo extremamente calórico,
isto se a rebuscada analogia ainda fizer sentido.
A verdade é que a estas horas da noite, nada mais apetece
que não seja dormir e descansar depois de um dia de trabalho, quanto mais estar
a ter uma conversa interessantíssima e complexa sobre as mastigadas notícias da
economia portuguesa (deglutidas, amassadas e expelidas em alguns casos como a
vida do Sr. Ministro Miguel Relvas). Repare-se no entanto, que dormir e
descansar são dois verbos diferentes, que poderiam estar fortemente
relacionados através das atividades que explicitam, não fosse a atual sociedade
capaz de criar um fosso tão grande entre ambas. A verdade é que hoje muita
gente tem medo de dormir porque precisa de descansar dos pensamentos e
preocupações que lhes assaltam a mente mal pousam a cabeça irrequieta nas
almofadas agitadas e, outros, por sua vez, têm medo de acordar para a triste
realidade que os espera.
O que quero dizer, é que acho tão interessante uma conversa
de elevador sobre o quão bom está o tempo, ou um discurso filosófico sobre a diluição
da natureza do ser devido à perda de uma matriz católica. Talvez até possa
admitir que não adoro temas pesados sem ser etiquetado, rotulado desculpem,
como leviano ou desinteressante. No fundo acho que não é particularmente importante
falar desde que seja com um objetivo definido. Não está no meu ser falar sem um
sentido ou só para aliviar o ambiente porque se fosse assim tão fácil os
políticos não falariam que seria a solução para o conflito israelo-palestiniano.
Sim, porque os políticos nunca dão uma solução fácil para um problema que é
complicado e já agora, reparam como ficam os bem estes dois povos juntinhos.
Separados pelo hífen, mas juntinhos.
Não fui claro, mas o objetivo é criar uma aura de misticismo
em torno das minhas palavras que no futuro podem ser interpretadas como grande
fonte de conhecimento. Criar um determinado valor que só após a minha morte
será observado para grande infelicidade minha. Aproveitei também para expelir de
mim todos os temas monocordicamente desinteressantes já que estava aqui.
Reparem que dei umas pinceladas de política aqui no meio, cozinha avant-garde, um cheirinho de psicologia
e ainda dei a minha opinião sobre um dos flagelos do médio oriente, não os
conflitos sobre a posse da Terra Santa, mas a falta de sono provocada pelas
melgas que naquele calor certamente zumbem sobre os telhados dos gabinetes ministeriais
como mísseis (mas sem os importunar, as melgas chupam sangue).
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