No meu dia a dia de sonhador inveterado e na procura constante do desafio e do novo sinto, uma necessidade incessante de viajar, de mudar de ares e me apaixonar novamente.
Sou de paixões fortes e passageiras, daquelas olhadas com desdém pela maioria e por isso tenho tendência a procurar o refúgio da solidão, não por medo mas porque sei que a melhor forma de ser feliz sem recurso a nada mais que a mim próprio. A verdade é que quando somos intrinsecamente felizes, reparamos que nada mais alem de nos próprios e necessário para atingir essa tão própria felicidade humana.
Acrescento ainda o facto de quando na solidão somos felizes, percebe-se ainda que é única e exclusivamente connosco que podemos contar num futuro a médio, longo prazo, onde as responsabilidades serão maiores e onde apenas mais pessoas dependerão de nós.
Assim, viajo para ter a certeza da minha auto-suficiência, para ver o belo e novo, para me apaixonar e só qualquer consciência universal sabe as vezes que me apaixono desinteressadamente pelo mundo. Viajo ainda numa tentativa de me inspirar para criar, para desenhar algo novo, e enquanto que o objectivo não e atingido, conheço realidades distintas, vejo novos mundos, e aprendo. Acima de tudo aprendo, porque no fundo queria tornar-me num contador de histórias como qualquer viajante conhecedor.
Viajo ainda numa tentativa de me manter jovem e desafiar as novas realidades distintas das actuais. Só assim, alem do estudo, aplicação e vontade nos podemos tornar melhores, mais completos, numa procura da evolução humana e pessoal. E enquanto me refugio na viagem distancio-me de tudo o que não considero valor acrescentado. Procuro ainda poupar cada vez mais tanto recursos materiais como a minha capacidade física para rodar o mundo, para fazer girar os hemisférios e o contador dos kms percorridos.
Viajo porque preciso.
Free Memories
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Beleza
É na
subjetividade pouco subjetiva da beleza que todos nós encontramos o prazer de
olhar, o prazer de estar com e até mesmo a vontade. Digo subjetividade pouco
subjetiva, porque essa é mesmo a realidade, pois somos atraídos por essa beleza
como traças para uma luz, e qual é a traça que distingue a luz? Sim, porque
somos todos iguais.
Acredito hoje que
a beleza é a última expressão de poder, pois é nela que reside a vontade, o
desejo e objetivo máximo da nossa senda aqui como mortais.
Quando falo de
beleza não falo apenas de aspeto físico de homens ou mulheres, falo de música,
de cinema e de arte sobre todas as formas de expressão. Embora ainda esteja
longe de me considerar velho de forma autocrática, e ainda mais longe de o ser
pela sociedade, aprecio hoje mais a beleza como se de um bom vinho estivesse a
falar, eu que não sei provar vinho nem estou para aí direcionado.
Consideremos a
música no seu expoente máximo de sexualidade e beleza. Subjetivamente avalio-a de
bonita através da interseção de instrumentos de cordas, sobre qualquer género
eletrificado ou não, instrumentos de sopro que seguem regras concretas de uma
pauta ou apenas o coração e, vozes que nos tiram do sério e, por fim, uma
mistura de percussão eletrónica ou puramente apaixonada. Chamemos-lhe jazz ou blues, pois para mim é o que me invoca para esta realidade. O que
quero com isto dizer é que embora aprecie claramente o rock, o eletrónico, o
samba ou qualquer outra subcultura ou tipo de música na sua máxima expressão,
acabo sempre por me encontrar apaixonado pelo jazz, não sem devaneios claro, porque senão de que outra forma
podia ser um apaixonado?
Com as mulheres
observa-se exatamente o mesmo, todos temos um tipo, eletrónico ou acústico, bem
ou mal disposto, mais ou menos alegre e devaneios, oh se temos! Mas aquilo que
nos motiva na beleza é a classe pura do jazz, o groove a boa disposição do blues, sem nunca esquecer a simplicidade
e austeridade do clássico. Este afastamento e aproximação, sem nunca tocar, sem
dar demais de nós próprios, no lento cruzar de toda a informação é a pura
beleza expressa na despreocupação e total independência do ser. Nada é belo se
o humano o poder moldar e se não for última e totalmente independente.
É na capacidade
inequívoca do blues de se transformar
constantemente, seja através dos anos, seja dentro de cada faixa devido à
irreverência das suas escalas e métricas que me apaixono constantemente, porque
todos os dias espero encontrar algo diferente. Às vezes melhor, outras vezes
pior, mas quando é melhor, vale tanto a pena.
sábado, 4 de outubro de 2014
Necessidade de escrever
Preciso de escrever. Preciso urgentemente de escrever e de me juntar a um mundo de que ando há muito tempo afastado e do qual tenho saudades. No bulldozer que se tornou a minha vida, anseio por recuperar as coisas boas que já tive e tornar realidade aquilo que nunca tive.
Ficamos tão absorvidos no dia-a-dia, escusamos o amor e o carinho tão facilmente que resta apenas a aventura diária de nos conhecermos a nós próprios. Perdi-me na falta de cultura e na incapacidade de manter o standard que já tive. Tenho que recuperar a escrita, a leitura, o cinema e a música. Faltava-me a escrita. Vamos a isto!
Ficamos tão absorvidos no dia-a-dia, escusamos o amor e o carinho tão facilmente que resta apenas a aventura diária de nos conhecermos a nós próprios. Perdi-me na falta de cultura e na incapacidade de manter o standard que já tive. Tenho que recuperar a escrita, a leitura, o cinema e a música. Faltava-me a escrita. Vamos a isto!
domingo, 13 de abril de 2014
Simetria
É na tua simetria oblíqua que encontramos a virtude da existência e na tua melancolia triste e cansada que se encontra uma réstia de energia.
Inacreditavelmente, a tua presença pálida e ausente alegra-nos para lá do que é expectável.
Tendo por base a comunhão de experiências e companhia, percebemos que somos mais que ilhas isoladas e, por fim, é na saudade que este sentimento se concretiza. Exaustos de um mundo colorido e distante, a felicidade alcança-nos facilmente através da valorização da tua vulgar simetria.
Inacreditavelmente, a tua presença pálida e ausente alegra-nos para lá do que é expectável.
Tendo por base a comunhão de experiências e companhia, percebemos que somos mais que ilhas isoladas e, por fim, é na saudade que este sentimento se concretiza. Exaustos de um mundo colorido e distante, a felicidade alcança-nos facilmente através da valorização da tua vulgar simetria.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Dzerzhinsk
Ninguém esperaria
encontra naquela zona da cidade um espaço como aquele que presenciava com os
seus próprios olhos. Após vaguear quilómetros no meio de uma velha zona
industrial, onde grande parte dos edifícios fabris se encontravam abandonados e
decrépitos, onde as próprias naves eram esqueletos de tempos passados sem uma
volta provável, entregues a uma biologia caótica de crescimento orgânico, que
escondia muito bem qualquer bonomia e ainda melhor a porta 21. Esta porta metálica
vermelha e desgastada daria acesso a um novo mundo fechado até então e onde
centenas de pessoas estariam reunidas, pessoas pouco comuns, especiais,
vestidas de uma forma aparentemente estranha mas só e apenas para quem não
conhecesse o espaço, para quem não vibrasse na mesma sintonia que aquela velha
nave, onde a aparente calma era desflorada pelos sons graves, profundamente
baixos, que abalavam os pilares da própria existência. Eclético, o espaço
albergava tantos homens como mulheres sendo que as suas idades rondavam números
superiores àquele momento em que deixámos de chamar jovem a um jovem. Grande
parte daquelas centenas de pessoas encontravam-se distribuídas em mesas
circulares perfeitamente simétrica e equidistantes.
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