terça-feira, 29 de julho de 2008

Romantismo

O que é para vocês ser romântico? Flores? Cartas? Perfumes? Amo-tes? Corações? Pétalas? Morangos? Fotografias?
Se é aquela a vossa noção de romantismo, na minha humilde opinião estão completamente errados.
Ser romântico é algo mais. Claro que não sou especialista nestas andanças, mas a experiência que fui acumulando ao longo dos tempos já me permite falar um bocadinho sobre isto.
Pela definição o romantismo retrata o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Bocage, Delacroix, Chopin, Beethoven, Garret, Novallis e Turner são expoentes máximos desta corrente. Ou seja vamos esquecer esta definição histórica de romantismo e vamos aplicá-lo ao nosso dia-a-dia. Se calhar não defini bem o nome. Vamos trocar para romance.
Sou sincero, não sou dado a grandes manisfestações físicas ou intelectuais, daí não sou expressivo ao ponto de andar a dizer ao mundo que o amo, agarrado às árvores, a cheirar a relva e colher flores. Não, tenho uma visão muito mecanicista do mundo. O mundo é uma bola achatada que roda, roda e roda em volta do Sol e que mais cedo ou mais tarde vai acabar por desaparecer. Para mim tudo é efémero e tudo resulta de evolução, portanto, não respeito o que me rodeia como coisas dignas de veneração. Acredito que tudo é útil e que tudo pode servir os meus ideais e é daí que surge o meu respeito. Geralmente, há dias que isto não acontece, o mundo para mim é material e não me perco em deambulações filosóficas. Acho que se me perdesse ia acabar como o Hemingway pendurado numa árvore pelo pescoço.
A visão que eu tenho sobre o mundo estende-se ao romance. Claro que nunca encontrei a alma gémea se não, não estava a falar assim, mas também duvido que a exista. Há dias que acredito, outros nem por isso. Romance é efémero: se durar, dura uma vida, não mais. Não sei se se prolonga depois disso mas, é matéria para outra discussão.
Para mim o amor embora exista, não é vendado nem cego. Amor é feito de momentos bons e maus. É agarrar-nos áquilo que gostámos e esquecer o que não gostámos. São momentos que ficam e nos levam a gostar da pessoa. Geralmente, passado algum tempo os maus momentos sobrepôem-se de tal forma aos bons momentos que não aguento a companhia da pessoa em questão. Tenho o dom de ter uma péssima memória para nomes, datas e matéria escolar, mas uma óptima memória para maus momentos. Digámos que os consigo reviver na mente de uma forma muito viva.
Para mim romance é:

Gostar dela de manhã, mal acordo, dizer não sem qualquer ressentimento, um bom serão passado num inverno em frente à lareira, conversar de uma forma que me dê prazer, gostar de dormir com ela, ler em silêncio, ter uma discussão acesa de quando em vez para reavivar instintos, não falar só por falar, discordar, passear na praia no fim da tarde horas a fio, andar de carro numa noite gelada, ficar dias sem nos vermos, dar espaço um ao outro, nada de contactos a toda a hora por telemóvel ou internet. Romance é calma, é raiva de vez em quando, não é amor, é adorar e dizer gosto de ti sem qualquer segunda intenção e apreciar cada pequenino defeito que no início nos parece inultrapassável mas que acaba por ser motivo de adoração.

Cada vez é mais difícil encontrar este tipo de relação. Aliás, não sei se alguma vez foi fácil, se calhar não. Só sei é que enquanto não tiver algo deste tipo não vou ficar satisfeito. Ora e romance é isso mesmo, é procurar a satisfação individual e do casal. Mas acho que a individual primeiro. Já diz o ditado que se eu não gostar de mim quem gostará? Se eu não estiver satisfeito como posso satisfazer os outros?

1 comentário:

Anónimo disse...

jovem, andas um pouco confuso! confundes romantismo com uma noçao de relaçao amoroso estavel e racional.

o romantismo nao é exactamente essa que descreves. essa será mais proxima de uma realaçao de amor estavel e racional. o romantismo é sim essa maniefestações, por vezes superfulas, de carinho, as flores quando ela nao espera, uma caricia no intimo, cartas de amor, serenatas às janelas, em suma, um manifestar dor reaias sentimentos. como diz na musica "in a manner of speaking" (aconselho a versao dos nouvelle vague)

"In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing."

abraço