terça-feira, 5 de agosto de 2008

Rescaldo

Ontem acabei por conseguir vir almoçar a casa depois do festival de Paredes de Coura.
Foram 5 dias, 4 dos quais com muitos concertos, em que o saldo geral foi muito positivo.
O cartaz não foi fantástico, tem vindo a ser assim nos últimos anos, mas esperavam muitas surpresas, a maioria muito agradáveis. Li no Jornal de Notícias de sexta-feira notícias muito críticas quanto ao festival. Suponho que feitas por um qualquer crítico quarentão que já não conseguirá absorver o espírito festivaleiro. Mas isso é o menos porque não nos podemos deixar levar pelo que os outros pensam. Vivemos o momento e guardámos recordações próprias. Isso é que é essencial, o resto são ideias impostas que não têm qualquer importância.
Dizerem que Mando Diao, usam demasiados lalala's para disfarçar falta de coerência e que são miúdos com pouco sentido músical é próprio de quem não esteve lá no meio a absorver os riffs e os momentos explosivos num som muito rápido e trauteável. Dizerem que Sex Pistols são uma sombra do que eram também é de quem não sabe ver a parte positiva. Claro que estão diminuídos, mais não seja pela idade, mas o espírito continua lá, a irreverência ainda se nota nos olhos de Rotten e há alguma coisa mais importante que o espírito? Sim, há. A música e nisso não fiquei minimamente desiludido. Pelo contrário surpreenderam-me com a idade que têm ainda conseguirem pôr o público em alvoroço e a fazer mosh.
De resto, The Bellrays foram fantásticos e uma verdadeira surpresa, eclipsaram os Ex-wife, Mars Volta para mim uma desilusão, não gostei por aí além e acho que acabava por não saber a nada, Editors proporcionaram momentos fantásticos e fartei-me de saltar com a Munich. Deixa cá ver que são muitos nomes e pouca memória. Ah, babei-me com uma das integrantes dos Au Revoir Simone e a música era muito razoável, Biffy Clyro embora tenham dito que eram muito comerciais, eu adorei e fartei-me de abanar a cabeça, Wrauygunn foi muito bom também e valeu muito pelo espírito do frontman que fez crowdsurf e puxou ao máximo pelo público e espero não me estar a esquecer de ninguém. Ah, sim, Lemonheads foi muito bom também, fez-me relembrar a minha infância em meados dos anos 90 com um rock leve e bem feito e um vocalista parecido com o Kurt Cobain, como alguém disse, uma música simples no entanto bonita.
E Thievery Corporation valeu por estar com quem estava, ou seja dançámos imenso e fizémos palhaçadas a torto e a direito mesmo não sendo o nosso tipo de música.
Mas nem só de música vive o festival, a companhia que tivemos foi exímia e extremamente agradável durante todo o festival, o ambiente no geral fantástico e sempre que gritava algo, alguém respondia. Até as refeições feitas à pressão foram agradáveis e aqueles banhos no rio gelado ou no chuveiro memoráveis, assim como aquelas poucas horas que tínhamos para matar ao sol.
Ah, entretanto, não que seja um feito de registo, mantive-me virgem no que toca a drogas e álcool, o que só me levou sinceramente a apreciar ainda melhor o festival.
Em suma, foi um festival excelente, que pecou pela chuva logo no primeiro dia que me pôs a nadar dentro da tenda, qual aquário, pela falta de companhia feminina, acreditem que em certos momentos de tédio e românticos faz falta, momentos esses que aparecem com frequência ao longo de um festival, pela desarrumação geral do acampamento, que verdade seja dita, estava um verdadeiro nojo e pelo menos para mim, o último dia em que me chateei a valer com algum pessoal porque de manhã tinha uma viagem a fazer de algumas horas de carro e não me deixaram dormir sequer uma hora. Mas temos que esquecer aquilo que é insignificante e que nos poderia deixar eventualmente tristes. Para o ano em Coura lá estarei.

Editors-Munich


Lemonheads - Into your arms

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