terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O trabalho de amar.

Por caminhos e corredores vagueio,
Cheio de medo, cheio de receio,
Penso na vida como toda a gente,
Sou igual a outros, infelizmente.

A vida não é como quero às vezes,
E muitas vezes não basta só quereres,
Nem com trabalho, nem com esforço,
Te livras de chegar ao fundo do poço.

A dor no estômago é terrível
Mas lutámos todos os dias com valentia
E como o ser humano é incrível...
Eu por mim, bem, fiz o que podia.

Não existe fim nem príncipio,
A racionalidade é apenas um palavrão,
E não existe nenhum lugar ou sítio,
Em que tenha menor aplicação.

Assim é o amor: luta constante,
Desilusão e dor dilacerante,
Às vezes um sonho, outras pesadelo,
E dias acordo que nem posso crê-lo.

Palavras e versos não exprimem nada!
E tudo vai de encontro ao que sentimos,
Mas se sentes a vida triste e acabada,
Amigo, só temos aquilo que pedimos.

Deitas-te na cama que fazes,
Acordas e dás por ti perdido,
Por entre ses e quases,
Deixas-te dormir iludido.

Deixa-me que te diga,
A vida não é uma ilusão,
E por muito que trabalhe a formiga,
Muitas vezes fá-lo sem razão.

Há dias cheios de felicidade!
Há dias tristes e cinzentos...
Mas com o passar da idade,
Habituas-te aos tons macilentos.

Pois eu revolto-me!
Volto atrás, esperneio e salto,
Enfreto a luta e debato-me!
Nada é fácil neste asfalto.

No final de contas pouco fica,
Uma palavra ou uma memória,
Nem sei muitas vezes o que significa,
Mas fica sempre a história.

Nomes, apelidos e glórias,
Até podes contar as vitórias,
Dinheiro, beleza ou notas,
Mas no fim o que somas são derrotas.

Recuso-me! E para prometer aproveito:
Até que a morte me leve ao leito,
Batalhar uma guerra perdida
Contra o tempo que leva a vida.

Pobres daqueles que desistem,
A felicidade é finita,
E quando chega é só de visita,
Felizes daqueles que subsistem.

O não que magoa, propositado,
O vai-te embora, inusitado,
Como irrita a nossa alma,
Qem me dera o amor que acalma.

Dámos oportunidades?
Sim! Mas qual o valor?
Para quem ama não há novidades
Não o há no amor...

Assim é o amor, ingrato,
Irritante, horrível e barato.
Não pedi que ele viesse,
Mas sem querer acontece.

Assim é o amor, agradável
Querido, reconfortante e estável.
Esperei por ti com tanto ardor,
Nunca vás embora por favor.

Sim, isto é o amor...

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do poema :)

Só uma coisa, a antepenultima estrofe tem um erro. È "Dámos" e não "Dá-mos".

Diogo Garcez Gonçalves disse...

Corrigido. Obrigado.
Escapa-me sempre alguma coisa por mais que tente corrigir. (: