Vou tentar escrever algo muito complicado e corro o risco de ser mal interpretado pelas pessoas que possam ler isto. Em Julho de 2008, tinha 19 anos e escrevi um texto “Amor”. Esse texto descrevia vários tipos de amor quase numa forma técnica e matemática que é a origem do meu pensamento. Eu dizia que me faltava um tipo, penso eu que queria dizer o amor completo. Amar alguém a sério.
Nessa altura acho que ainda não tinha conhecido a pessoa que me permitiu atingir isso e outras coisas mais etéreas, mas também não são importantes as datas. Vou-vos contar isto porque me apetece partilhar isto e por outra razão talvez, mas calma.
Quando a conheci,... bem é difícil dizer, alguma reacção química, psicológica ou mental houve, e sabemos isso porque ficámos ligados durante muito tempo, mesmo sem o sabermos e sem qualquer contacto estivemos juntos e vivemos muitas coisas.
É algo indiscritível. Houve avanços e recuos, discussões e problemas antes mesmo de começar a sequer tornar-me amigo. Havia paixão, amor, e muito mais. Havia algo,...
Reparem como estou a utilizar reticências e a ser incoerente, mas não é mesmo nada fácil explicar o que se passou.
As coisas passaram-se de uma forma tão rápida, tão louca, tão madura e tão forte, sim é isso, forte e arrebatador. Em pouco tempo tornámo-nos melhores amigos, conhecemo-nos a pontos que mais ninguém nos conhece e hoje partilhámos uma vida como mais ninguém o faz. Não somos namorados, não somos um casal, não somos conhecidos muito menos, somos mais, mais do que toda a gente que conheço, nutrimos admiração um pelo outro, lutámos e discutimos num bom sentido. Magoámo-nos e queremos muitas vezes acelerar as coisas ao ritmo dos nossos sonhos.
Mas como em tudo há barreiras. O senso comum que nos diz que estámos errados porque com a nossa idade é impossível ter a certeza do que queremos, é impossível ter maturidade para ter algo deste género, falta-nos responsabilidade e estámos a ser precipitados. Mas, sabem quando têm a certeza que 2+2=4? Até me podem dizer que é igual a 5 para valores extremamente grandes de 2, mas se assim fosse eu ia adaptar a minha lógica matemática a esse novo sistema.
Não sou maduro por aí além e há muita coisa que ainda me deixa em pés de galinha, inquieto e com dúvidas, mas não isto. Eu amo aquela mulher, assumo isso, assumo a responsabilidade de a fazer feliz, de cuidar dela e prezar que nada de mal lhe aconteça. Reparem, posso não saber cuidar de um gato, não lavar o carro, não cobrir as minhas despesas, ou ser irresponsável ao ponto de não fazer a cama, mas todas essas situações acontecem porque eu não tenho vontade de melhorar, não tenho motivação e aqui fala-se da motivação de gostar tanto de alguém, nem lhe chamo amor, porque para mim é mais do que isso, de querer tanto bem que desejo o meu mal para que ela tenha o bem que me falta.
Não são poucas as vezes em que me absorvo num misticismo improvável e encosto a minha cabeça à dela, esperando que se transfira a minha inteligência, os meus pensamentos, a minha felicidade através do meu campo magnético cerebral, quando lhe encosto a minha mão no peito tentando passar-lhe o calor do meu corpo ou a minha pulsação, quase o meu sangue. Muitas vezes até lhe sopro, como faço às crianças, lançando a minha alma ao vento e ao mesmo tempo refrescando-a ou aquecendo-a.
Eu sei, eu sei!, que tudo isto pode estar errado e que amanhã me posso ter arrependido de escrever este texto porque tudo acabou, mas uma coisa tenho a certeza, se tudo correr como eu sei que vai correr, tudo vai acabar bem e este texto vai voltar ao seu lugar no dia 20 de Agosto de 2010. Eu sei que não tenho idade, não posso sustentar ninguém, nunca tive nada sério nas mãos ou pelo menos assim as pessoas pensam, mas há que manter a minha palavra e tentar ser feliz, contra o senso comum, pseudo amigos, pessoas em geral e sociedade ainda mais. A minha Mulher tem de ser feliz e para isso eu prometi a mim próprio ser o modelo de pessoa e adaptar-me, fazer o que for preciso para isso acontecer.
Discutir, lutar, penar, chorar, rir, brincar, cansar, todos os verbos de acções e atitudes, prometi todos eles. Quando a abraço com força, não é só saudade. É medo! Medo que um dia só fique a memória e daí querer guardar e gravar o momento eternamente. Lírico? Talvez. Não me interessa. A vida é assim mesmo, é lírica. Não tenho certezas, hoje é verdade amanhã é mentira. O que adianta estar a ser hipócrita e dizer que tenho a certeza de tudo? Nem os meus avós com toda a experiência.
O que eu sei é simples. Sei que estou completo, que me revejo na pessoa que está do outro lado, que quando nos olhámos ao espelho juntos vejo algo bonito, sei que há olhares cheios de significado, e um passado que jamais podemos esquecer entre nós, um presente representado neste texto e ainda um futuro que se resumem aos nossos sonhos.
Tenho tempo. Sim tenho. Não vou apressar nada, mas hoje vou escrever sobre isto. Vou-me lembrar de todos os momentos e conversas que tivemos. Hoje. Porque amanhã vou mostrar a todo o mundo que diz o contrário, que ainda é possível ser feliz nesta sociedade que me fere os sentidos, que ainda é possível perdoar, ser perdoado, amar, dançar sem música, cantar porque sim, discutir e fazer frente às coisas mais improváveis.
Já chega. Não partilho mais nada porque são coisas nossas. Agora vou guardar todos os pensamentos e momentos para contar um dia mais tarde a quem quiser ouvir uma história bonita entre duas pessoas que um dia eram desconhecidas e normais e hoje são muito especiais.
Em Julho de 2008 era um adolescente e não sabia nada da vida, hoje sou um Homem e sei mais do que algumas pessoas com 30, 40 ou 50 anos e a razão que acima falava, logo no início era que isto acaba por ser uma carta para ti, porque ninguém sabe e é preciso que o mundo saiba que ainda é possível.
Nada foi escrito, nada foi dito. Ninguém vai perceber, ninguém vai saber nada de nós. Porque palavras não expressam e mesmo que o fizessem, mil páginas não chegariam.
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