Hoje, durante a sessão, eu falei tanto ou mais do que ouvi até, porque parecia-me que ele não estava muito para conversar. Já não nos vía-mos há uns dias: ele esteve de férias. A realidade do doente não interessa e apenas vou referir lugares fictícios ou nomes porque é de facto pouco importante, pelo menos nesta fase do processo de diagnóstico.
Houve algo, a meio das férias sensivelmente que o deixou muito, muito reticente quanto à sua saúde mental. Segundo o próprio estava a almoçar, acompanhado, quando de repente e sem uma razão óbvia aparente, se começou a sentir mal disposto. Não a má disposição de vómito, ou de algo lhe ter caído mal. Não foi assim. Ele relata uma má disposição psicológica. Segundo o que me foi dado a entender tudo começou com um desentendimento com um colega de férias. A irritação inerente alterou todo o seu processo de racionalização. Queixou-se de um medo terrível de cair inanimado no chão, não sentia as pernas e o estômago parecia que tinha parado a digestão ao contrário do coração que acelerou imenso, por outro lado sentiu necessidades fisiológicas inesperadas o que o levaram a uma insegurança terrível.
Aparentemente isto resume-se a um estado de ansiedade terrível provocado por um qualquer pensamento ou linha de pensamentos que não consigo deslindar. O próprio não sabe dizer qual é o problema embora tivesse toda a vantagem em o dizer já que diz que a sensação é de facto terrível, quase se sente desfalecer e morrer.
Definitivamente esta situação não envolve stress ou esgotamento apenas pensamentos que despoletam uma cadeia de ansiedade que levam atá à má disposição física fictícia.
No entanto, hoje no regresso a casa, depois de uma viagem longa sem paragens intermédias diz que sentiu um vazio enorme. Segundo o que auferi do relato das férias, existe uma diferença enorme expressa em vários factores que vou apontar.
Houve algo, a meio das férias sensivelmente que o deixou muito, muito reticente quanto à sua saúde mental. Segundo o próprio estava a almoçar, acompanhado, quando de repente e sem uma razão óbvia aparente, se começou a sentir mal disposto. Não a má disposição de vómito, ou de algo lhe ter caído mal. Não foi assim. Ele relata uma má disposição psicológica. Segundo o que me foi dado a entender tudo começou com um desentendimento com um colega de férias. A irritação inerente alterou todo o seu processo de racionalização. Queixou-se de um medo terrível de cair inanimado no chão, não sentia as pernas e o estômago parecia que tinha parado a digestão ao contrário do coração que acelerou imenso, por outro lado sentiu necessidades fisiológicas inesperadas o que o levaram a uma insegurança terrível.
Aparentemente isto resume-se a um estado de ansiedade terrível provocado por um qualquer pensamento ou linha de pensamentos que não consigo deslindar. O próprio não sabe dizer qual é o problema embora tivesse toda a vantagem em o dizer já que diz que a sensação é de facto terrível, quase se sente desfalecer e morrer.
Definitivamente esta situação não envolve stress ou esgotamento apenas pensamentos que despoletam uma cadeia de ansiedade que levam atá à má disposição física fictícia.
No entanto, hoje no regresso a casa, depois de uma viagem longa sem paragens intermédias diz que sentiu um vazio enorme. Segundo o que auferi do relato das férias, existe uma diferença enorme expressa em vários factores que vou apontar.
- A sua pele, embora não seja dermatologista, apresenta-se mais saudável e uniforme, derivado talvez do sol, mas não só, pois foram poucos dias e não esteve na praia propriamente, talvez factores psicológicos de raiz alterem o estado da sua pele tal como um camaleão.
- O facto de dormir acompanhado, foi uma experiência intensa para ele e mesmo que seja algo aparentemente indiferente, acordar no dia seguinte sozinho na sua cama habitual deixou-o algo incerto ou até divagante, segundo o doente, sentiu-se estranho, quase arreadado da realidade construída nesses últimos dias.
- O confronto com realidades muito distintas da sua chocaram-no profundamente e activaram mecanismos de auto-defesa psico-sociais muito diferentes do que estava habituado.
- O processo de inserção em grupos sociais diferentes e novos, ainda que totalmente possível, levam-no a um cansaço extremo. Quase se pode dizer que vive mentiras ou inventa um mundo fantasioso, mas as suas capacidades de o fazer e de se inserir nesses mundos levando toda a gente consigo são quase fascinantes.
Este último ponto preocupa-me, porque esta falsa tentativa de se homogeneizar na multidão, não é mais do que uma tentativa de mostrar o seu ponto de vista de infelicidade a que estes sujeitos estão sujeitos, além disso podem provocar uma quebra do contacto com o seu eu real. Noto, apenas com três sessões que este homem à minha frente, dúvida muito de quem é e do que as outras pessoas acham dele e pensam, embora ele continue a afirmar que não, quase convencido disso mesmo.
Durante esta conversa noto que os choques com as diversas realidades são fortes para o seu físico e colocam muitas vezes em causa a sua forma de pensar e agir.
No fim da sessão, após ouvir estas histórias, não como médico mas como pessoa, noto ali uma certa falta de confiança, uma incerteza de quem é, o que deve fazer e como se deve comportar. Ele racionaliza os próprios pensamentos sobre o que deve pensar, num looping constante que pode levar à exaustão física e consequente ruptura da psique. A solidão é uma constante, a falta de luz, sol e companhia humana relativamente idêntica à sua forma de ver o mundo também.
No entanto todos estes problemas parecem ser varridos, ainda que dolorosamente e lentamente, para debaixo de um tapete emocional que bloqueia os maus pensamentos. É quase uma luta constante com o mundo, como um barco contra uma tempestade. No entanto resta-me desejar-lhe toda a força até porque tenho a certeza que por tudo o que já passou esta pessoa, se está a tornar um adulto capaz de enfrentar muitos dos medos que esconde. Quase que diria que este homem se aparenta a um molusco, primeiro porque se molda a um mundo que não é o seu alterando forma, cor e comportamentos, a separação cerebral e ocular devido aos vários pontos de vista e até mesmo ao criar uma casca sentimental protectora que o tenta proteger das agressões exteriores.
Durante esta conversa noto que os choques com as diversas realidades são fortes para o seu físico e colocam muitas vezes em causa a sua forma de pensar e agir.
No fim da sessão, após ouvir estas histórias, não como médico mas como pessoa, noto ali uma certa falta de confiança, uma incerteza de quem é, o que deve fazer e como se deve comportar. Ele racionaliza os próprios pensamentos sobre o que deve pensar, num looping constante que pode levar à exaustão física e consequente ruptura da psique. A solidão é uma constante, a falta de luz, sol e companhia humana relativamente idêntica à sua forma de ver o mundo também.
No entanto todos estes problemas parecem ser varridos, ainda que dolorosamente e lentamente, para debaixo de um tapete emocional que bloqueia os maus pensamentos. É quase uma luta constante com o mundo, como um barco contra uma tempestade. No entanto resta-me desejar-lhe toda a força até porque tenho a certeza que por tudo o que já passou esta pessoa, se está a tornar um adulto capaz de enfrentar muitos dos medos que esconde. Quase que diria que este homem se aparenta a um molusco, primeiro porque se molda a um mundo que não é o seu alterando forma, cor e comportamentos, a separação cerebral e ocular devido aos vários pontos de vista e até mesmo ao criar uma casca sentimental protectora que o tenta proteger das agressões exteriores.
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