domingo, 15 de agosto de 2010

Geração Facebook

Não vou negar, tenho uma conta no Facebook como tantos outros jovens da minha idade. Conheço uma ou outra excepção e são pessoas que eu admiro por não terem necessidade de frequentar a rede em questão. No entanto, também tenho que aqui dizer que a minha conta não tem qualquer outra utilidade que não seja marcar jogos de futebol. Não utilizo chats, grupos, não partilho fotos, não jogo ou qualquer outro tipo de opção oferecida pela rede e não digo isto para me superiorizar até porque tenho dúvidas sobre quem será melhor, quem tem conta no Facebook ou não e até acho que não será essa a questão.
Pois bem, nos últimos meses tenho acedido à conta uma ou outra vez por semana mais para averiguar uma situação que não os jogos de futebol, até porque não tenho tido tempo nem possibilidade de jogar. Isto porquê? A realidade é que tenho tentado ver qual a motivação de frequentar esta rede social. Basicamente penso, e quem achar o contrário que me esclareça, que a maioria das pessoas vive uma vida irreal naquele sítio. É para mim periclitante que as pessoas mostrem fotos das férias e convivam através de sete ou oito comentários em troca de mil frases e um café, risos e conversas reais.
Acho também estranho que as pessoas joguem imenso nestas redes com outras até, em troca de um Trivial Pursuit ou de um Risco, ou até o Monopólio que me deliciou, frente a frente, divertidos, trocando impressões e alargando horizontes enquanto comíamos torradas sem manteiga e bebíamos leites chocolatados na marquise de um qualquer colega.
Ainda mais a troca de músicas com a opção de gostar e sem a opção de não gostar. Onde está o lugar à discussão? À troca de ideias? Basicamente vemos uma música que algúem gosta, ouvimos e apenas podemos dizer que gostámos. Nunca vi nenhum comentário a criticar, a responder com princípio meio e fim.
Há limite de texto e palavras, não há discussões nem lugar a uma conversa fundamentada, é algo do género: “Estás gira amiga, Obrigado.” “Nova Iorque é fantástico, Quem me dera!”, ou seja, não se discute o que se fez para emagrecer dez quilos, não se fala de Nova Iorque e das experiências.
Nesta rede tudo é fútil, as festas, as fotos, as ideias que se mostram, os partidos políticos que procuram relevo, as bandas que investem nas imagens e não na qualidade, as lojas que estão representadas e mandam convites aleatórios,...
Mas lá está, quem é melhor? Pessoas que têm essa vida, ou eu? Não vou saber, esta é a minha opinião. Não gosto de partilhar as minhas fotos, os meus dias ou as minhas férias com ninguém e a música que gosto é só minha e assim ninguém me goza ou critica. Portanto deixo de fazer parte das pessoas porreiras que têm fotos, e uma vida social activa ou que pelo menos assim o mostram ao mundo exterior, se bem que muitos não acredito que tenham essa vida.
E há ainda aqueles que acedem a esta rede para fazer amigos. Na minha opinião está errado. Fazemos amigos, tirando alguém de situações complicadas, pagando cinemas, partilhando experiências, marcando pontos que façam a nossa equipa vencer, conhecendo locais e rindo-nos de desgraças próprias ou alheias e não através de comentários que dizem o quão bela a outra pessoa é numa foto, ou quão giro era falarem no chat.
Basicamente acho que esta geração Facebook está alheada da realidade social, da realidade económica e vive muito de situações irreais e fúteis.
Mas não me vou alongar mais, posso estar errado, já que é uma empresa futuramente cotada em bolsa com milhares de novos “clientes” todos os dias. É isso que me leva a pensar que estou errado, porque milhares de pessoas não podem estar erradas. Mas, ao mesmo tempo, lembro-me de algo que me fez rir há uns anos: estavam a incitar um colega a fazer algo, não me lembro se fumar ou beber algo, eu estava presente, e toda a gente dizia “Vá lá é fixe, toda a gente gosta”, ao que esse rapaz respondeu e desculpem o palavrão mas quero concluir assim: “Comam merda então, milhares de moscas não podem estar enganadas.”

1 comentário:

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo. que montra horrível das próprias pessoas.