A inutilidade agrupada das pessoas é realmente um factor que rege a nossa sociedade. A intelectualidade exacerbada, a juventude pseudo-esquerdista que reclama e faz greve quando algo lhes escapa do controlo afecta toda uma população jovem que será o futuro do país.
Existem mais alunos a entrar em Medicina do que patentes por ano ou jogadores a vingarem no futebol. Aqueles 22 “marretas que que correm atrás e dão pontapés na bola” são pessoas profissionais que vivem num ambiente competitivo que exige uma dedicação enorme e têm que combinar agilidade, velocidade, rapidez de pensamento, perspicácia inacessível a uma pessoa normal, talvez por isso mesmo exista inveja porque 99% das pessoas não conseguem fazê-lo e tamanhas críticas. Nas mulheres a coisa mais parecida com futebol é talvez o ballet, uma das artes mais exigentes, mais uma vez velocidade, talento, treino e dedicação são necessários. Pina Bausch, Platini, Rudolf Nureyev e Pelé eram arrepiantes com aquilo que conseguiam fazer com o corpo e a mente.
Ballet no entanto é para gente fina e futebol para brutos. Se calhar isto deve-se ao facto dos jogadores virem esmagadoramente dos escalões mais baixos da sociedade e terem no futebol o único meio de ascenção social (Bebé, um órfão angolano que foi educado nos orfanatos de Lisboa e foi contratado pelo Manchester United, um dos melhores clubes de futebol do mundo – meritocracia, sem truques, sem favores, sem cunhas.) E fala-se de dualidade de critérios!
No entanto a Companhia Nacional de Bailado é chique e intelectual. Reparem que os dançarinos são artistas e os futebolistas são burros apesar de ambas as “artes” serem igualmente exigentes!
A desigualdade e dualidade de critérios parte de cada pessoa e deve ser evitada, até porque segundo sei a esquerda promove a igualdade, se bem que impossível. A tolerância e valores éticos são a nova esquerda e não tenho medo em dizer que a grande razão para todos os problemas partem não só do povo que é fraco, principalmente a juventude, como da crise de valores que ninguém consegue apontar porque ninguém quer assumir a responsabilidade de os cumprir. Ninguém faz sopa porque provavelmente teria que dar o exemplo comendo a primeira colher.
Aos pseudo intelectuais: vão ver um filme do Jean-Luc Godard ou de um cineasta letão qualquer enquanto bebem Baileys, fumam um cigarro e discutem a falácia pós-desconstrutivista neo-marxista da sociedade contemporânea porque não existem homosexuais suficientes na Direcção das maiores empresas. Tornem-se úteis.
Já não sei o que é pior, se o estudante universitário que conheço, se os meus colegas quei ficam no café o dia todo a receber o rendimento mínimo. Esses custam menos ao estado e pelo menos e dão algum a ganhar ao café, porque de facto andámos a investir em mentes secas e desertas a fundo perdido que apenas querem em “conhecer o mundo”, “conhecer pessoas”, “arranjar contactos” e se possível “arranjar emprego”.
A probabilidade de ficar sozinho a viver na casa dos meus pais sem namorada, dinheiro ou grandes felicidades é grande mesmo tirando o curso que estou a tirar que me dá saída garantida. No entanto que me interessa? A minha produção intelectual está aqui, montes de desenhos, textos, ideias e teorias, conversas espontâneas e valores.
A minha produção não está em redes sociais ou fotos, não gosto de modernices ou novos movimentos. E podem dizer que estou a criticar os intelectuais quando sou um e mostro a falta de tolerância que critico. Pois bem é justo, mas quem me conhece sabe que não há ninguém mais tolerante e paciente e apenas incito as pessoas a fazerem aquilo que dizem até porque gosto delas. Passem à acção. O que eu vejo são poemas, textos e ideias discutidas com tal leviandade que me irrita
Se eu digo que vou ser correcto, verdadeiro e vou tirar um curso de engenharia faço-o. Com a Inês tento ser correcto e discuto muitas vezes porque quero saber o que fiz mal, não minto muitas vezes para chatice minha porque sei que outras pessoas me mentem e não tiro um curso nos moldes actuais porque eu quero é aprender, as notas são-me primárias claro, mas secundárias depois de aprender algo.
Muitos dirão que estou ultrapassado, sim é um facto e eu sei que é pouco provável que quero vingar neste mundo. Mas também sei que não serei feliz a fazer as coisas de outra forma. Isso vai levar-me a amarguras, a acabar sozinho e com o rótulo de pessoa “muito boa levada pela insanidade de que nem Deus nem ele tiveram culpa”. Mas que raio, quem serei se um dia tiver a sorte de ter filhos e não os ver a dar os primeiros passos? E quando eles ou ela precisarem de médico e eu estiver a trabalhar a 5000 quilómetros de distância? Não, posso ganhar muito bem, fazer sexo com 1000 pessoas, e ter histórias para contar aos gestores que se sentem comigo depois de uma noite num hotel paga a peso de ouro se calhar pela empresa. E? Isso é fútil e inútil. Ainda ontem recebi um vídeo de 20 ou 30 jovens num quarto de uma universidade norte-americana numa orgia descomunal, não, não me mete nojo, e é-me francamente indiferente e sei que muitos deles vão deixar crescer um bigode e a barriga e vão ser CEO’s de empresas enquanto elas vão conduzir um Volvo e levar os filhos ao futebol qual bela imagem americana de família feliz. Mas falo disto acerca de quê? No fim do vídeo que avancei fiquei curioso com as caras assustadas. Voltei atrás e vi que alguém tinha batido à porta deixando toda a gente estupefacta e assustada! Estámos a brincar portanto. Quer dizer, por um lado fazem coisas, que apenas deviam ser feitas numa intimidade muito própria, à frente de todos os colegas e todos a rirem-se, grande festa!, e por outro lado quando batem à porta “ei que terror”. Assumam! É assim para 30, é assim para todos! Que falta de coragem. E depois dizem, é assim para 2, é assim para todos e eu respondo, não porque para 2 a situação é de facto muito, muito diferente e não pode ser aplicada a todos os outros porque é especial. Ponto.
É a intelectualidade tal como a digo, reprimida, ou então exclusiva a 30 pessoas. A intelectualidade deve ser universal. Modigliani, Picasso, Dali, toda a gente conhecia as suas manias porque eles assim queriam e assumiam, corajosos! E Einstein, Marx, Aristóteles e Copérnico! Teresa, Gandhi! Homens! Muitos prémios nóbeis recentes, nada novo.
Otto e Diesel têm mais de 100 anos, computadores 70. Sida e Cancro intemporais. Futebol 200 e ballet o dobro. Quem inventa? Onde estão as coisas novas? Onde está Leonardo? Newton? Bell?
Waffers de 200 passam a 300. Vaivéns e Burans apodrecem e são encostados. Concordes deixam de voar. Estudos na América dizem que o sexo oral se massificou entre mais de 10 parceiros assim como o sexo anal, o maior barco do mundo tem cerca de 30 anos e o An225 é único e tem a mesma idade.
A evolução até pode existir, mas sinceramente, estámos a voltar atrás. Andámos a testar, a verificar a qualidade, a simular e sai torto. A experiência que tenho é que tudo o que é feito em papel tem outros problemas na realidade. Palavra de Engenheiro. E depois não se cria nada porque fica tudo torto.
Estou a escrever há duas horas, e não produzi nada. Pelo contrário bebi um leite e gastei energia. Eu sou tão crítico às vezes e digo que nada está bem. Até devo cansar as pessoas. Mas o facto é que ao meu olhar em 50 anos andámos para trás. Divórcios, carros menos pontentes, mais limites, menos crianças, jogos que desiludem como o GT5 em desenvolvimento 5 ou 6 anos, melhoria de processadores de apenas 20%, acções e obrigações com N combinações. As roupas andam em ciclos agora, e não vejo ninguém a utilizar roupas renacentistas. É quase cómico para mim perceber que há 50 anos as coisas andam às voltas sem direcção. Vende-se mobiliário nórdico, roupas dos 60, músicas dos 70 e 80, carros que são recuperados.
Não, tudo prova que a nostalgia não é só minha. É do mundo. Toda a gente tem saudades da evolução, engane-me quem quiser.
Sabem que mais? Estou farto da Internet e da falta de conteúdo, estou farto de intelectuais, engenheiros e médicos. No entanto preciso de tudo! Quero tudo! Mas mais cedo ou mais tarde sei perfeitamente que vou tentar viver numa casa de madeira com um bom computador, uma chávena quente de leite, um sítio para correr outro para trabalhar no duro e me sujar.
Fiquem lá nos vossos gabinetes, no Starbucks, com Apples e fatos. Sejam muito felizes, para mim não dá. Vão para a Alemanha, Japão, Holanda, ou Bélgica. Vão para Angola! Vão para a Conchichina! Viagem! Conheçam! Batam com a cabeça e experimentem! Vão viver para o Facebook! Digam que vão comer uma torrada no Twitter! Tirem fotos de que os vossos filhos mais tarde se riam! Tentem aprender! Façam o que quiserem! Ganhem dinheiro! Façam sexo com a secretária! Não contem é comigo.
Quero potência num carro nem que gaste 20 litros aos 100, quero amor e paixão nem que para isso tenha que deixar tudo para trás, quero força, emoção, estar bem mental e fisicamente, quero é falar, brincar com os meus filhos no futuro e ensiná-los a escrever com mãos gordas, dar-lhes um beijo de boa noite todos os dias e levá-los ao médico preocupado. Dar flores à minha mulher todos os dias, passear porque sim não para ir a determinado sítio. Quero mudar lâmpadas, trabalhar a madeira e o ferro. Quero um alpendre frio onde me possa sentar a observar a cor bonita da erva e o restolhar do vento e tentar desenhar o rosto dela durante anos para apanhar cada traço. Chamar um ou outro casal para um jantar sem responsabilidade connosco. Quero pagar contas e andar preocupado com impostos. Quero rir-me como me estou a rir agora enquanto escrevo isto e continuar a sonhar. Quero partilhar e brincar com o mundo com a ponta dos dedos, escaldar a língua e trincá-la a comer uma batata quente. Não tenho dúvidas que para outros a coisa assim nestes moldes não tenha resultado, mas para mim tem. Tentar mudar não dá, adaptar é cansativo e ninguém dá valor.
Para concluir em cima escrevi: “Muitos dirão que estou ultrapassado, sim é um facto e eu sei que é pouco provável que quero vingar neste mundo.” Mas deveria alguém querer vingar neste mundo? Não. Deverias, tu leitor, gordo, alto, baixo, magro, das ciências, das letras, da música, branco, preto, cinzento, do grupo x, casado, divorciado,...tu leitor, deverias vingar no Teu mundo, sejas tu quem for, porque palavra te digo, este mundo não faz bem a ninguém! Podes apontar leitor e falámos daqui a 20, 30 ou 40 anos.
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