sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nuvem com pitada de sal.

Duas da manhã, o sono tarda em aparecer e vou navegando na nuvem. A nuvem que me deixa muito triste que exista. Sou um sonhador e hoje o mundo é muito diferente daquele que idealizei. As pessoas ficam mais excitadas com o lançamento de um produto da Apple ou da Microsoft do que propriamente com a ideia de uma viagem tripulada a Marte. Se calhar por isso é que os supracitados produtos são horríveis e por isso vos conto o seguinte: A minha actividade, que agora gostava de chamar profissional, muito pelos recursos que consome, mas também pelo sonho infundado que um dia me trará algo agradável, leva-me à necessidade de aquisição de um computador com determinadas características,… digamos que preciso de algo para trabalhar. O problema aqui será a falta de aparelhos para trabalho, porque não há. Pura e simplesmente não há, ou melhor existem os componentes e assim terei que fazer já que não existe nada pronto a utilizar e isso deixou-me preocupado e pensativo.
Hoje não há trabalho! Cerca de 45% do dinheiro vem de serviços não palpáveis, temporais e de valor futuro irrisório e assim é porque mais uma vez evoluímos num sentido diferente. Evoluímos para a chamada “nuvem” tão famosa mas que é o quê? Bem basicamente é a Internet que tem tudo. Jogos, filmes, livros, informações, tudo a pairar nesta nuvem e basta um click e ela despeja em nós de forma torrencial conteúdos. Falam-se de carros movidos a…bem, sem serem movidos, porque os computadores é que o fazem, fala-se de comida em tubos de pasta dentífrica como nos filmes, CNC’s que vos preparam a salada enquanto fazem cadeiras para a IKEA, Bimbys que voz fazem os trabalhos de casa e brinquedos que cuidam dos vossos filhos. Lamento, se alguém pensa que vou bajular estes métodos pode muito bem parar de ler aqui.
Adoro, adoro mesmo, a Internet, a sua utilidade, tudo, mas os campos de futebol da juventude estão vazios e dizem que os “gamers” são mais recatados e menos propensos a violência, no entanto nunca na história do mundo houve lugar a tantas atrocidades consentidas.
A Internet pode muito bem ser aquilo que de melhor apareceu para o mundo como de pior.
Reparem no Ipad, Folio, Streak, Galaxy assim só para enumerar alguns. Que têm eles em comum? Simples, nada, porque eles não têm nada. Que podem fazer com eles? Nada. Ok, redutor, podem ir ao Facebook, ler um “livro”, fazer Sudoku, ou ver as soluções quando falta a paciência para diferenciar 2 e 3, ou o conhecimento, portanto podem fazer “tudo” isto.
A informática está neste momento com uma curva de desenvolvimento menos acentuada e eu noto isso: Ainda não consigo substituir o meu computador por outro com boa relação preço qualidade, os níveis de processamento são praticamente os mesmos, a capacidade gráfica e de armazenamento também e, os portáteis outrora potentes são hoje um atraso de vida (excepções as há, claro, mas também vos digo que serão excepcionalmente ricos se se identificarem com o que aqui digo).
E os telemóveis de 500 euros que têm menos funcionalidades que o meu com 2 anos e que custo 120 euros? E como o meu tantos, não estou aqui a pregar os meus aparelhos que de fantásticos não têm nada e preze-se as palavras da pessoa a quem mais dou ouvidos quando diz que o meu telemóvel é grande, desconexo e que tem os botões demasiado grandes (para velhinhos, não que isso me incomode e até o interprete como elogio já que se sabe que é na velhice que nos dá para a marotice e a rambóia permanente por baixo dos lençóis………dizem que é a altura que mais sonhámos.
Enfim, só estou muito, muito zangado, porque um dia vamos querer correr alguma coisa pesada e não vamos ter onde, vamos querer processar e não vai haver onde, vamos querer mexer-nos e vamos ter onde claro, porque os sítios para jogar estão lá, mas ou não existem jogadores ou a vontade falta. Vai estar tudo nos Ipads, Folios, Streaks e Galaxys a ver as histórias porreiras e altamente, piadas e fóruns de cozinha para fazerem um brilharete com os amigos. Pois bem eu também estou a repetir os nomes dos tablets para não me esquecer de nenhum e depois chegar à beira de quem gosto e armar-me em superior com toda a minha falta de conhecimento camuflada por uma ou duas palavras inglesas vistosas.
Isto foi escrito num teclado com fio e fiz a formatação com um rato de bola que para quem não sabe também tem fio e não precisa de pilhas e até vos digo mais, até tem números e há quem diga até que o tamanho dele é de 100%.

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