Muitas vezes, e não poucas, as pessoas desiludem aqueles que mais acreditam nelas, não propositadamente isso será mais que óbvio porque tudo é mútuo, no entanto acontece e da mesma forma em que um dia de céu limpo e azul pode estar sobre as nossas cabeças essas pessoas podem transformá-lo num dia de chuva e frio. Lirismo ou não, assim é o que se passa e não me poderá ninguém negar, porque se o dizem fisicamente impossível eu logo o justifico com razões da alma, que são muito mais que suficientes para esta drástica transformação física, até porque se repararmos muito do mundo físico e tangível está moldado pela nossa mente e não talhado com as nossas mãos, aliás, o mundo não é barro, o mundo é pedra e as nossas mãos o ponteiro, enquanto que a força que a parte, o martelo, é a nossa cabeça, pena será que muitas vezes nos falhe o martelo e apertemos um dedo ou outro, consequências que não interessarão para a discussão iniciada, ou que se calhar terão todo o interesse de ser explicitadas pelo leitor que percebe o que vou escrever.
Ele apertou muitas vezes os dedos, Os nossos olhos veêm o que queremos que eles vejam, já ela que muitas vezes também tinha apertado os dedos, nunca concordou com ele e à luz dos seus caprichos tentava martelar em vão quando ainda nem tinha o ponteiro dirigido à pedra, Merda! Assim não dá, no entanto ele acolhia as suas mãos dormentes acalmava-a e colocava a peça ferrosa no sítio devido para continuarem a construir o que ali tinham começado e durante muito tempo, com uma promessa silenciosa continuaram a construir algo que embora afectasse os demais traunsentes que olhavam para o objecto, como quem olha para uma mera pedra que não merecia tanto trato, eles continuavam, dia e noite, Nunca vai resultar, Parem!, Tanto mais para fazer e vocês aí, Vão-se magoar, e assim era, mas a força do martelo parecia hidráulica e se algum dia falhasse um lá estaria o outro enquanto o outro curava a mão aberta e a sangrar de dor.
O tempo passou e o que disseram aconteceu, questionou-se o trabalho e também houve muita mágoa e lágrimas de dor de uma mão que talvez representasse outra coisa, mas indiferentes à dificuldade continuaram, meses, anos e tornaram-se uma lenda, até que a coisa começou a tomar proporções dignas de parabéns e agrado nos acima citados traunsentes, muitos acreditavam, outros começavam a acreditar e havia os incrédulos que só o perceberiam quando pudessem apreciar de tal obra, Nunca mais acabámos isto, Calma querida, descansa agora, eu continuo enquanto dormes, e ela dormia descansada, no entanto a dúvida assolava-lhe a mente, ela tinha dúvidas porque praticamente fora arrastada para o projecto sem qualquer assentimento seu, nem sequer o tinha planeado, mas a fé dele e o querer de ambos com o passar do tempo convencia-a a continuar, mas as dúvidas, bem as dúvidas eram normais, principalmente quando falhava o martelo dele e ela duvidava da sua capacidade para completar a obra e olhava para o vizinho que embora tivesse uma obra mais pequena parecia mais feliz porque já tinha acabado sem qualquer calo na mão, no entanto a estrutura dele era de madeira e não sabia ela o que o vizinho pensava, A nossa obra é frágil, eventualmente devíamos ter escolhido pedra, mas bem, está feito, era um incómodo começar tudo de novo, e assim acomodados e com meio sorriso os vizinhos pareciam-lhe felizes. Já ele não via nada melhor que a sua obra, mesmo quando o martelo dela falhava, mesmo quando a mão dela em sangue e calejada o fazia ter pena por não a poder ajudar, porque as suas também estavam inertes e tesas do esforço contínuo de osso com pedra, ele não duvidava porque acreditava profundamente no que estava a fazer, as únicas dúvidas eram se ele podia parar por um momento e se ela iria continuar o trabalho, e sim, essas dúvidas assolavam-no e faziam questionar o seu projecto, até porque ele sabia que a utilidade dela era muito apreciada por outros que precisavam de ajuda e procuravam alguém com qualidades idênticas, as melhores, um martelo forte e uma mão que segurava o ponteiro geralmente no sítio certo, uma dúvida tão simples, mas que no entanto às vezes olhando-a no momento do repasto ele sabia que também lhe passavam pela cabeça, no entanto aquele homem que parecia fraco e com ideias megalómanas para a sua fraca estrutura tinha muito mais do que aparentava dentro de si, até porque muito tempo antes dissera que no que dependesse dele iria manter viva aquela obra até o martelo não mais bater pela morte da mente que o controlava, e finalmente acabaria a obra nem que só com a mão e ponteiro esmurrasse a pedra dura que ali estava à sua frente, Vou continuar, vou martelar, não tenho dúvidas, não vou desistir, madeira não me chega!, Eu ajudo-te!
Ele apertou muitas vezes os dedos, Os nossos olhos veêm o que queremos que eles vejam, já ela que muitas vezes também tinha apertado os dedos, nunca concordou com ele e à luz dos seus caprichos tentava martelar em vão quando ainda nem tinha o ponteiro dirigido à pedra, Merda! Assim não dá, no entanto ele acolhia as suas mãos dormentes acalmava-a e colocava a peça ferrosa no sítio devido para continuarem a construir o que ali tinham começado e durante muito tempo, com uma promessa silenciosa continuaram a construir algo que embora afectasse os demais traunsentes que olhavam para o objecto, como quem olha para uma mera pedra que não merecia tanto trato, eles continuavam, dia e noite, Nunca vai resultar, Parem!, Tanto mais para fazer e vocês aí, Vão-se magoar, e assim era, mas a força do martelo parecia hidráulica e se algum dia falhasse um lá estaria o outro enquanto o outro curava a mão aberta e a sangrar de dor.
O tempo passou e o que disseram aconteceu, questionou-se o trabalho e também houve muita mágoa e lágrimas de dor de uma mão que talvez representasse outra coisa, mas indiferentes à dificuldade continuaram, meses, anos e tornaram-se uma lenda, até que a coisa começou a tomar proporções dignas de parabéns e agrado nos acima citados traunsentes, muitos acreditavam, outros começavam a acreditar e havia os incrédulos que só o perceberiam quando pudessem apreciar de tal obra, Nunca mais acabámos isto, Calma querida, descansa agora, eu continuo enquanto dormes, e ela dormia descansada, no entanto a dúvida assolava-lhe a mente, ela tinha dúvidas porque praticamente fora arrastada para o projecto sem qualquer assentimento seu, nem sequer o tinha planeado, mas a fé dele e o querer de ambos com o passar do tempo convencia-a a continuar, mas as dúvidas, bem as dúvidas eram normais, principalmente quando falhava o martelo dele e ela duvidava da sua capacidade para completar a obra e olhava para o vizinho que embora tivesse uma obra mais pequena parecia mais feliz porque já tinha acabado sem qualquer calo na mão, no entanto a estrutura dele era de madeira e não sabia ela o que o vizinho pensava, A nossa obra é frágil, eventualmente devíamos ter escolhido pedra, mas bem, está feito, era um incómodo começar tudo de novo, e assim acomodados e com meio sorriso os vizinhos pareciam-lhe felizes. Já ele não via nada melhor que a sua obra, mesmo quando o martelo dela falhava, mesmo quando a mão dela em sangue e calejada o fazia ter pena por não a poder ajudar, porque as suas também estavam inertes e tesas do esforço contínuo de osso com pedra, ele não duvidava porque acreditava profundamente no que estava a fazer, as únicas dúvidas eram se ele podia parar por um momento e se ela iria continuar o trabalho, e sim, essas dúvidas assolavam-no e faziam questionar o seu projecto, até porque ele sabia que a utilidade dela era muito apreciada por outros que precisavam de ajuda e procuravam alguém com qualidades idênticas, as melhores, um martelo forte e uma mão que segurava o ponteiro geralmente no sítio certo, uma dúvida tão simples, mas que no entanto às vezes olhando-a no momento do repasto ele sabia que também lhe passavam pela cabeça, no entanto aquele homem que parecia fraco e com ideias megalómanas para a sua fraca estrutura tinha muito mais do que aparentava dentro de si, até porque muito tempo antes dissera que no que dependesse dele iria manter viva aquela obra até o martelo não mais bater pela morte da mente que o controlava, e finalmente acabaria a obra nem que só com a mão e ponteiro esmurrasse a pedra dura que ali estava à sua frente, Vou continuar, vou martelar, não tenho dúvidas, não vou desistir, madeira não me chega!, Eu ajudo-te!
Saramago desiludiu-me. Nunca julguei que fosse morrer, nunca me julguei privado da sua...presença, porquê? Porque te foste embora Saramago? Precisávamos de ti, e agora aproveitam-se da tua condição para dar luz a ideias que não eram tuas. Fazes-me falta. Homenageio-te, sem te imitar e falando do coração como julgo que tu o farias. Espero que onde estejas, mesmo que debaixo de terra em eterna paz possas perceber a falta que fazes.
Trato-te por tu Saramago, embora as diferenças sejam tão grandes em termos de idade, mas sinto-te tão próximo. Sabes? Quem ama sente a falta e não gosta de ser abandonado ou até mesmo que não nos incluam nos seus projectos mas meu caro sobre isso é complicado escrever e o essencial está dito. Eu amo-te e estarás sempre no meu coração além de na ponta do meu lápis.
Trato-te por tu Saramago, embora as diferenças sejam tão grandes em termos de idade, mas sinto-te tão próximo. Sabes? Quem ama sente a falta e não gosta de ser abandonado ou até mesmo que não nos incluam nos seus projectos mas meu caro sobre isso é complicado escrever e o essencial está dito. Eu amo-te e estarás sempre no meu coração além de na ponta do meu lápis.
1 comentário:
Saramago é eterno.
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