sábado, 1 de maio de 2010

Crónicas de acidentes rodoviários

Quando acontece aos outros é normal.
Já quando nos acontece a nós,...pois é, cai o Carmo e a Trindade e o resto do Mundo. Tudo em cima de nós.
Sim envolvi-me no primeiro acidente rodoviário. Um acidente até aparatoso em que não tive culpa nem estava a fazer qualquer asneira. Nada provocado. Diga-se e sublinhe-se por favor.
Curiosamente pensei que pudesse ter sido muito mais grave e dei graças a Deus mais tarde já na cama por nada de grave se ter passado entre todos os intervenientes. De todos os males o menor.
Por outro lado o meu carro que ficou bastante danificado e de baixa gama conseguiu destruir grande parte de um carro mais pesado e com menos anos o que me leva a reflectir sobre a forma como as coisas são feitas actualmente.
Vi a minha vida por momentos a escapar porque não confio na segurança do meu carro, no entanto não fiquei triste nem aflito. Fiquei calmo, e não, não me estou a armar ou a dizer que foi normalíssimo. Não foi, fiquei fraco e com medo claro. Havia crianças envolvidas e saí do carro a correr nervoso. Mas acho que agi o mais correctamente possível.
Agora isso de ver a vida em restrospectiva, todos os momentos, nada disso aconteceu, nem apanhei o susto da minha vida. O que me leva a pensar em coisas muito normais mas que têm muito sentido.
Se eu morresse como pensava que ia morrer, ia ver os momentos mais felizes, o passado, ia ficar triste e arrependido, ver o passado em retrospectiva como disse acima. No entanto nada disso aconteceu. Curioso, parece que não me arrependo de nada do que tenho feito. Sentia-me feliz se tivesse que morrer e não tinha problema em enfrentar a morte. Dito assim parece valentia ou então presunção mas digo-o sinceramente acredite quem quiser.
Sabem o que me passou pela cabeça quando vi naquele segundo o carro a vir para mim? Quatro coisas:
- Vou morrer.
- Ainda bem que vou morrer sozinho, porque não levo mais ninguém a meu lado.
- Tenho pena de não cumprir aquilo que prometi a várias pessoas.
- Espero que tudo lhes corra bem mas que alguém sinta a minha falta.
Sim, não queria que a minha passagem neste mundo passasse incólume. Se calhar é um bocado presunçoso e idiota, mas lá está, é sincero e não puro egoísmo.
E lá no fundo e para terminar, masoquismos à parte, achei uma experiência enriquecedora ter este acidente. Espero que não se repita obviamente, mas não é uma catástrofe e garanto que não cai o Carmo nem a Trindade. Só fica uma dor de pescoço, uma dor nas costas para recordar e se calhar uma valente conta a pagar no mecânico para mostrar aos netos como o dinheiros valia pouco no "meu tempo".

1 comentário:

Anónimo disse...

lindo! você é quem escreve?