sexta-feira, 7 de maio de 2010

O começo - XI

Página 11

- Ei! Estás acordado? - perguntou Zoe.
- Não, Zoe, não estou. - rodei na alcatifa para o outro lado cheio de mimo ensonado.
- Ei! Preciso de falar contigo.
Agora a sério e percebendo o ar de preocupada dela virei-me e levantei as costas do chão bocejando e esfregando os olhos:
- É assim tão importante?
- Sim recebi uma mensagem há umas horas no telemóvel.
- E?
- Ai que parvo! Estás sem paciência nenhuma.
- Zoe, tenho sono, desculpa. Diz, estou a ouvir. Mensagem de quem?
- Da Dora.
- Quem?
- A minha irmã.
- Ah?! Caramba, tens uma irmã?
- Sim...tenho...- disse Zoe embaraçada.
- Tencionavas-me dizer quando?
- Não sei, olha, não ocorreu.
- Pronto, sim está bem, avancemos, e então?
- Ela embarcou num avião da Alitalia para cá e deve estar a desembarcar em Heathrow neste preciso momento, ou se calhar já desembarcou.
- E como é que só sabes agora, mandou mensagens do avião?
- Já devias saber, não estás a tomar atenção, ela enviou a mensagem ainda a sair de Itália. Vi a mensagem com atraso. Não ouvi o telemóvel e sabes que não lhe dou atenção nenhuma.
- Sim muito bem, mas porque me estás a dizer isso?
- Bem porque era suposto ela ir ter a minha casa. E eu não estou lá.
- Pronto...e eis que mais uma vez...
- Vá lá por favor... - quando Zoe fazia beicinho só havia uma resposta possível.
- Sim, tudo bem, já me estou a levantar.
- Ah que querido, mereces um beijo.
Quando Zoe me deu um beijo na bochecha obviamente enruberesci no entanto estava escuro e ninguém notou. Até porque falávamos baixo e Pierre estava a dormir. Dacia mexia as orelhas mas também parecia dormir.
Lá vesti as calças, umas sapatilhas que ainda era um bocado de caminho, uma camisola grossa por cima da t-shirt com que dormia e fui buscar o impermeável ao quarto de Zoe, isto sem fazer barulho nem acordar Pierre.
Saí porta fora a amaldiçoar a maldita irmã de Zoe que tinha que chegar àquelas horas. Não eram horas de gente. 5 da manhã? Se bem que já se via um raiarzito no céu, mas ainda estava tudo escuro. Andei uns bons dois quilómetros até chegar a casa de Zoe que ficava a uns quarteirões. Nada de mais, mas estava a chover e tinha sido um dia cansativo. Estava encharcado. No entanto nada me tinha preparado para o que ia ver.
No hall de entrada do prédio de apartamentos de Zoe estava uma figura, alta como Zoe, mas com outros contornos. Tinha um guarda chuva aberto e usava roupa casual assim de longe. Como a luz não estava ligado e o pequeno telhado fazia sombra não via nada.
- Olá! - gritei.
- Olá. - disse ela num inglês perfeito sem sotaque.
- Dora? - perguntei incerto.
- Sim.
Ainda sem ver a cara confirmava-se. Ali estava a irmã de Zoe. Dora.

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